Podemos perceber em nosso dia a dia pequenas atitudes e falas que de alguma forma afetam nossa auto estima e quem nós somos, mesmo que indiretamente. A não violência é uma atitude que visa a diminuição do egoísmo dos relacionamentos interpessoais, normalmente, ossas atitudes possuem em seu cerne motivações egoístas (O que eu ganho com isto?), fruto da sociedade individualista que vivemos.
A mudança para um mundo menos violento começa por nós mesmo, dentro da nossa casa, com família, amigos, no trabalho e em pequenas atitudes. A comunicação não violenta visa construir relacionamentos mais íntegros e transparentes através de uma comunicação mais assertiva, através da observação de seus próprios desejos e necessidades, assim como o do outro.
Este tipo de comunicação visa transformar respostas repetitivas e automáticas em expressões baseadas no que percebemos, sentimos e desejamos. Ao informarmos o que sentimos, percebemos e desejamos com clareza e honestidade, damos ao outro a possibilidade de receber uma atenção de empatia e respeito. Nesta troca é possível identificar nossas necessidades, observar quais comportamentos alheios e condições dos momentos, que nos afetam ou incomodam, assim como, identificar nossos desejos frente a uma situação.
A medida que esta comunicação vai dando lugar aos nossos velhos padrões de defesa, recuo ou ataques frente a julgamentos e criticas, vamos percebendo por uma nova perspectiva nossas intenções e nossos relacionamentos. Isto acontece por que nos concentramos mais em tornar claro o que o outro está observando, sentindo e necessitando do que julgar o outro pela sua fala ou expressão.
Para praticar a Comunicação não violenta não é necessário que as pessoas com quem estamos nos comunicando saibam do que se trata, pois a prática traz consigo consequentemente uma comunicação mais assertiva para ambos lados, logicamente dependendo também da pessoa com quem está se relacionando. Esta prática consiste em 4 componentes:
Observação
Sentimento
Necessidade
Desejo
Na Observação está a atitude de analisarmos o que está acontecendo naquela situação, se o que as pessoas estão dizendo ou a forma com que estão se comportando é interessante ou enriquecedor para nossa vida. O maior desafio nesta etapa é ser capaz de realizar a observação sem nenhum julgamento ou avaliação, e simplesmente observar o nosso sentimento em relação a situação, se nos agrada ou não.
Na fase do Sentimento o objetivo é identificar o que sentimos com o observar daquela situação: raiva, dor, angústia, alegria, alegria, irritação, divertimento, etc.; pode-se também procurar identificar como o outro se sentiu tendo aquele comportamento, sempre lembrando de que como se trata do outro e não de nós mesmos, a possibilidade de estarmos equivocados é maior e que como quem está praticando a comunicação não violenta somos nós, o sentimento a ser identificado primeiro é o nosso.
Para identificar nossas necessidades é necessário desenvolver nosso autoconhecimento e humildade, a fim de não tentarmos esconder de nós mesmos o que realmente estamos necessitando. Por exemplo, será que a angústia sentida quando falaram ”Não preciso de ninguém” não está relacionada com uma carência, uma necessidade de afeto, companhia ou carinho?
A quarta fase vem, muitas vezes, por consequência das três primeiras realizadas, pois tendo consciência de clareza da situação, sentimentos que esta provocou e nossas necessidades em relação ela, conseguimos expressar nosso pedido com mais assertividade.
Dessa forma a Comunicação Não Violenta reformula a maneira pela qual expressamos e escutamos os outros através da concentração em observar, identificar o sentir e a necessidade e expressar o desejo, isto traz maior profundidade no escutar, promove a empatia e o respeito.
Para quem acha que este tipo de comunicação é utópico, ou difícil demais para se colocar em prática, saliento que a mudança de hábitos é difícil em qualquer aspectos e em qualquer momento, seja em uma dieta, em uma rotina de atividades físicas, novo trabalho, novos estudos, todas estas mudanças não se tornam hábitos se não forem praticadas, assim também acontece com a comunicação, quanto mais praticarmos mais fácil será realizar as quatro etapas, de forma a conseguir comunicações assertivas e relacionamentos mais saudáveis.