O conflito nos relacionamentos amorosos está entre os principais causadores de estresse, pode ser capaz de desencadear a depressão e está entre principais as queixas da vida a dois. Desta forma, muitos casais optam pela terapia de casal procurando melhor qualidade de vida, principalmente em momentos de crise conjugal. O objetivo da terapia de casal é analisar, questionar e ressignificar os modelos mentais daquele relacionamento amoroso em conflito, por meio da comunicação aberta.
Deve-se lembrar que um casal é formado por três partes, o Eu, o Tu e o Nós, quando uma ou mais destas entidades está com dificuldades de ser vista, o casal pode vir a ter problemas.
Nos relacionamentos existe o que chamamos de “Padrões de Amor Romântico Adulto” podendo ser padrão seguro ou inseguro de relacionamento. Casais com padrão de relacionamento seguro permitem uma comunicação aberta visando uma regulação da intimidade e a resolução de problemas, mesmo quando o assunto é desagradável, este casal sente confiança no vínculo estabelecido com o parceiro, percebendo a reciprocidade do parceiro e acredita ser merecedor daquele amor. Em casais com padrão inseguro de relacionamento, observa-se medo ou rejeição em falar sobre suas dificuldades e emoções negativas, dificultando assim a resolução de problemas, tendem a se sentirem rejeitados pelo parceiro, possuem uma autoestima baixa (um ou ambos), assim como pouca capacidade de conseguir atenção quando necessário, nestes casais observa-se que o padrão de comunicação é disfuncional, dificultando um relacionamento saudável.
A complexidade da relação do casal, passa muitas vezes despercebido, fazendo com que o casal não perceba que a crise de um dos parceiros é na verdade um problema do casal, pois, além da vida a dois ser uma contínua construção da relação do casal, também é considerada uma construção da própria individualidade. Desta forma, as vezes é necessário pedir ajuda a um profissional a fim de que o casal tenha espaço e oportunidade para possíveis mudanças de atitudes como: aceitação, negociação, ressignificação, decisão.
Na terapia de casal cada conduta é observada em função da dinâmica conjugal e os fatores ambientais em que os pacientes estão inseridos, esta abre possibilidades de experiências que antes o casal não tinha acesso, tomando consciência de como um pode estar influenciando na vida e no problema do outro. Compartilhar com o outro o significado de sua depressão e suas angústias; possibilitando externalizar os pensamentos de uma forma clara e assertiva; elaborar novos contratos de relacionamento antes não percebidos; proporcionando um novo espaço relacional; podendo incluir discussões a respeito do uso do dinheiro, freqüência sexual, colaboração nos cuidados da casa e dos filhos, com o que e como empregar o tempo livre, dentre outros, é o espaço de amadurecimento da autonomia do casal.
É necessário que o casal entenda que o parceiro não é o responsável pela sua felicidade, nem pelas crises, ambos carregam em si responsabilidades por aquele relacionamento. Muitas pessoas se relacionam com imagens idealizadas e utópicas, acham que é dever exclusivo deste lhe proporcionar felicidade. Objetivo racional que faz grande parte das pessoas se casarem ou se relacionarem é a procura do conforto e felicidade, contudo o relacionamento a dois deve ser entendido como um momento potencial para o desenvolvimento da personalidade e como ajuda de resolver problemas emocionais passados.
É sempre importante questionarmos qual é a utilidade daquele relacionamento para os envolvidos, pois a relação pode acarretar desenvolvimento psíquico para a evolução de ambos os parceiros. No conflito, podemos analisar que muitas vezes uma das partes não se comporta de modo diferente, por estar contra o outro, mas por não possuir, em seu repertório de aprendizado, um comportamento adequado, é necessário desenvolver novas formar de se relacionar.
Com base nesta conscientização o casal segue para a construção de um novo vínculo, agora com um maior conhecimento sobre as suas histórias, seu contrato de casal, e suas bagagens acerca das famílias de origem, ou da família extensa; guiados por perceberem conteúdos internos que os levam a resolver os conflitos mais assertivamente.
Aconselha-se terapia conjunta do casal:
- Quando um dos cônjuges apresenta queixas que não é possível ser tratadas fora do contexto conjugal;
- Quando o parceiro é inapto a realizar uma terapia individual, devido à pobreza das informações apresentadas;
-Quando o casal está em período de crise;
-Quando os sintomas de um dos parceiros coincidem com situações de conflito do casal;
- Quando a cura de um dos cônjuges tem chances de provocar o surgimento de sintomas no outro;
- Quando existe uma insatisfação com a vida conjugal, esta podendo ser causada pela falta de intimidade, disputa pelo poder, ciúmes, traição de um dos cônjuges, insatisfação sexual.
Além de melhorar a qualidade de vida individual e do casal, a terapia de casal pode salvar muitos casamentos. Porém, nem todos os casais conseguem resolver os seus problemas ou, pelo menos, os mais importantes, e acabam precisando optar pelo divórcio. Considera-se fundamental aceitar que a melhor alternativa para alguns casais é a separação, ela acontece quando um ou os dois parceiros e percebem que a única alternativa de resolver os seus problemas é estar fora do casamento.